Editorial
Pântano
Paulo Barriga
“Não há uma segunda
oportunidade para
causar uma boa primeira
impressão”. São conhecidas
diferentes variantes e distintas paternidades
para esta expressão. Mas
é a António Guterres que a maioria
das pessoas que costuma frequentar
Portugal atribui a sua comovente
autoria. E, na verdade, no início do
seu segundo mandato, não muito
antes de se ter raspado e de ter deixado
o País de tanga (a interpretação
é de Barroso), António Guterres empregou
este precioso naco de filosofia
para ensinar aos seus ministros
que é no início da governança que
se mostra às pessoas ao que se vem e
a bondade daquilo que se traz. Nem
por mero acaso, António Costa era
dos que se encontrava entre os educandos
de Guterres. O que lá vai, lá
vai. E eis que Costa, sem saber ler
nem escrever, mas com grande desembaraço
no contar pelos dedos,
chega a primeiro-ministro de
Portugal. Logo, é-lhe dada a primeira
oportunidade de causar uma
boa primeira impressão. Como lhe
coreu? Correu-lhe mal. Muito mal
mesmo. Pelo menos no que toca ao
Baixo Alentejo. Em apenas 15 dias
de um fevereiro que ficará glorificado
e gravado a negro na história
trágico-política da região, António
Costa (atenção, não perder de vista
o Capoulas) veio a Évora assinar o
contrato de instalação de mais uma
fábrica de componentes metálicos
aeronáuticos e não teve até hoje uma
única palavra sobre o aeroporto
de Beja. Mandou o ministro da
Agricultura (bem vos disse para não
o perder de vista) lançar o pânico sobre
as finanças da empresa que desenvolve
o projeto do Alqueva, que é
a forma mais manhosa de dizer que
o empreendimento vai ficar por aqui
e ponto final. Instigou o ministro das
estradas a vir a Beja dizer qua não
havia dinheiro para o IP2 nem para
o IP8. E, imagine-se, apresentou um
plano de investimentos ferroviários
para serem incrementados até 2020,
no qual se exclui com total descaramento
a eletrificação da linha entre
Beja e Casa Branca e muito menos
se inclui a revitalização da linha
interior para o Algarve. É mau de
mais para o ser, mas é a verdade. E
António Costa ainda nem anunciou,
como certamente o mandará fazer
em breve, a redução de valências no
Hospital de Beja em função da construção
de um novo hospital central
em Évora. Caso se atribua um nadinha
de valor, mesmo pouco que seja,
às palavras de António Guterres, no
que toca ao distrito de Beja, entre todos
eles, este foi o Governo que pior
primeira impressão até hoje causou.
Quando Guterres quis bazar olhou
para trás e disse: “Faço-o para que o
País não caia num pântano político”.
Pois é nisso mesmo que os seus seguidores
de então (que são os mesmos
de agora) parece estarem metidos
ou a caminho. Do atoleiro.
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