sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Michel Giacometti

Pode ter nascido numa ilha em pleno mar Mediterrâneo, mas Michel Giacometti fez mais pelo Baixo Alentejo que muitos dos autóctones. É, por isso mesmo, um alentejano por mérito próprio. Etnomusicólogo, começou por galgar o país de lés-a-lés em busca da tradição oral dos portugueses. Depois, no Alentejo, apaixonou-se pelo cante e começou a recolher para a posteridade pedaços da história deste povo de homens austeros e mulheres crentes. Passava horas e horas nas tabernas a escutar modas, a registar preceitos e princípios, a bebericar o tinto da ordem. Um esforço dedicado de quem nunca pediu nada e que hoje não tem preço. Afinal, a ele se deve, em grande medida, a manutenção de parte da memória colectiva da região onde quis ser devolvido à terra.

Nascido na Córsega (França) em 1929, Michel Giacometti foi um homem do mundo e de aventuras. Radicou-se em Portugal em 1959, quando soube que padecia de tuberculose. Percorreu todo o país, gravando centenas de cantares e músicas tradicionais em mais de 600 freguesias, dando origem à “Antologia da Música Regional Portuguesa”, obra de cinco volumes editada em 1963 em colaboração com o maestro Fernando Lopes Graça. Em 1981 editou o “Cancioneiro Popular Português”, tendo sido ainda autor de uma série de documentários televisivos, sob o título “Povo que Canta”.


Michel Giacometti acabou por morrer em 1990, tendo sido sepultado a seu pedido na pequena aldeia de Peroguarda.


Parte da sua obra etno-musical pode ser admirada e fruída no Museu Municipal de Ferreira do Alentejo.

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