quarta-feira, 10 de junho de 2009

Como se Fazia um Mastro no Meu Bairro

Um Mastro é um recinto ao ar livre, onde se dança ao som de música popular, desfilam marchas populares, se convive e se come, como é tradição a sardinha assada.
Este espaço, geralmente um largo ou uma viela, com uma entrada, onde os paus são espetados no solo em círculo com um mais alto ao meio, e ligados entre si por cordas de chorão executadas pelos membros da comissão (organização), tinha ainda a característica única de toda a decoração ser manufacturada em papel de cores, bandeiras, argolas, balões e candeeiros.
O Mastro Popular, no Alentejo, caracterizava-se ainda pela utilização de verdura, necessária para forrar os paus. O funcho, as flores de loendroeiro, o montrasto e o junco, e o alecrim, material que dá o cheiro característico à festa e que era colhido nas ribeiras e barrancos.
A execução de todos estes adereços, ocupava todos os serões do mês de Maio.
Nos primeiros dias de Junho, começava-se então a “armar” e a enfeitar o mastro.
A charola é o adorno que é colocado no pau do meio do mastro onde é colocada a bandeira Portuguesa.
Segundo a tradição, passada de gerações em gerações, na charola tem que ser pendurado um raminho de cerejas, uma pupia caiada (argola em massa coberta com calda de açúcar) e o santo que vai mudando de acordo com o calendário.
Assim no dia 13 de Junho é Santo António, o casamenteiro que tem o privilégio de ocupar o ponto mais alto do mastro.
A seguir, a 24 desse mês vem São João ocupar esse mesmo lugar e por fim no dia 29, o São Pedro que encerra as festividades com a sua chave.
No final da época dos Santos Populares o altar à entrada do Mastro acolhia todos os Santos, no local onde já antes existiu o Jardim dos Namorados pelo Santo António e o fontanário do São João, sempre com quadras alusivas dependuradas em redor.
Actualmente, os mastros continuam a realizar-se mas as organizações, a maior parte das vezes, não têm preocupações com o preservar da tradição, utilizam os efeitos de compra executados em plástico e outros materiais.
Também as autarquias, por um ou outro motivo deixaram de promover os concursos, o que de certa forma foi contribuindo para a falta de motivação e consequente perda desta tradição que na minha modesta opinião, deveria ser revitalizada e apoiada de forma a devolver o espírito bairrista que envolve normalmente as pessoas que se entregam a este tipo de iniciativas!

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