sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Diário do Alentejo Edição nª 1545


Editorial

Amigos


07-12-2011 10:06:55

Paulo Barriga


Esta semana aconteceu uma coisa muito, muito, muito curiosa na praça da República. Em Beja. Quase todos os presidentes de câmara do Baixo Alentejo estiveram alinhados, lado a lado, misturados sem olhar à cor do seu partido, numa sessão de esclarecimento. Apenas faltou o edil de Almodôvar pela mais óbvia das razões. Foi eleito pelo partido que está no Governo. E a intenção dos seus restantes companheiros era, precisamente, malhar no dito governo e enumerar as malfeitorias que se adivinham para o Poder Local, para os orçamentos camarários, para o desenvolvimento regional. Uma sessão, normalíssima, por conseguinte. Não fosse o facto de, pela primeira vez na história, e por razões meramente políticas e reivindicativas, o Partido Socialista e o Partido Comunista Português estarem de mãos dadas na praça central de Beja. No preciso local onde, desde o 25 de Abril, se travaram todas as lutas entre eles e onde se cavou a trincheira – essa sim ou também essa – que trouxe um irreparável atraso de décadas à nossa região. Em nenhum outro local do País, como no Alentejo, aconteceu a intolerância, a inflexibilidade, o choque, o fanatismo, o facciosismo, a cegueira e até o ódio foi tão evidente e marcante entre estes dois partidos, como aqui o foi. Para prejuízo único das populações. Pelo que o comício conjunto, este desta semana, tem uma carga simbólica de tal forma gigantesca que, talvez, nem os próprios dela se tenham apercebido. A necessidade aguça o engenho. E, quem sabe, talvez agora, espremidinhos como o Governo os traz, seja a hora de o PS e de o PCP se entenderem em nome das coisas que dizem respeito à região no seu todo e que realmente importam. E se deixem de picarias, de ciumeiras e de egocentrismos ridículos. Igualmente interessante foi observar o palanque. Dois palestrantes. Jorge Pulido Valente e João Rocha. Ou muito me engano ou este foi o primeiro embate público, amigável até ver, entre os dois homens que irão disputar, no futuro, a Câmara de Beja. Que por acaso até mora ali ao lado.

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