quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Diário do Alentejo Edição 1550



Editorial


80

Paulo Barriga

Vai uma apostinha? Ou uma

adivinhazinha? Saberá o

estimado leitor qual foi a

primeira manchete do “Diário do

Alentejo”? Não é fácil. Nem demasiadamente

difícil. Já lá vão 80

anos, é certo, e bem se sabe como o

tempo costuma varrer os recantos

à memória. Mas existem certos temas,

certos assuntos, certas fatalidades

que atravessam a História

de Portugal desde os tempos da

formação da Nacionalidade. “A

Crise”. Pois é: “A Crise”. A 1 de junho

correm 80 anos sobre o nascimento

do “Diário do Alentejo”,

por iniciativa de Carlos Marques

e edição de JJ Corôa. E então,

como hoje, o País estava a receber

de peito aberto a onda de choque

provocada pela quebra na bolsa

de Nova Iorque e pela chamada

“Grande Depressão”. O “Diário do

Alentejo” surge, então, em pleno

maremoto financeiro e económico.

O maior de todos os tempos,

dizem os economistas, agora

com mais dúvidas do que antes

tinham. Mas surge o “Diário do

Alentejo” com uma vitalidade e

uma capacidade de ironizar a toda

a prova. A primeira manchete do

jornal, já o sabemos, foi “A Crise”.

Que o editor fez ilustrar com um

desenho de três meninas dondocas

a perguntar umas às outras se

os respetivos “papás” sempre tinham

comprado um Packard. Que

era assim a grande máquina automóvel

da época. E também a mais

cara. A mais luxuosa. Por medo da

crise, o pai de uma das meninas

não comprou o carro. Por medo

da crise, o pai de outra adquiriu-o:

“teve medo da crise de nervos da

mamã”. São os de hoje, os mesmos

tiques de ontem. E para quem tinha

prometido, ainda na semana

passada, abolir a palavra crise das

páginas deste jornal, encontrou

minhoca logo na primeira cavadela.

Mas não poderíamos deixar

de mencionar a “nossa” crise

de há 80 anos. Foi assim que nasceu

este jornal. E este é um ano

de data redonda e bonita para o

“Diário do Alentejo”. Estamos

de parabéns e queremos festejar.

Mesmo que não possamos oferecer

a todos os nossos fiéis leitores

um Packard, embora saibamos

que o merecem. Um bom

ano para todos, nos 80 anos que

o “Diário do Alentejo” faz.



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