quinta-feira, 8 de março de 2012

Diário do Alentejo Edição 1559

Editorial


Papel

Paulo Barriga

O jornal “Público”

completou

esta semana 22

anos. Que é a precisa

idade do jornalismo moderno

em Portugal. Do jornalismo

de profundidade, enquadrado,

arejado. E fê-lo reinventando -

-se. Revolvendo a edição imprensa

de uma ponta à outra.

Percebendo que, hoje, os jornais,

os de papel, se não têm os dias

contados, para lá caminham. A

passos largos. A profusão de informação

no espaço mediático

é agora de tal forma avassaladora

que não vale a pena pensar

que um jornal, ainda que diário,

possa sobreviver à voracidade

dos dias. Das milhentas possibilidades

eletrónicas. Da televisão

e da rádio, até. O “Público” mudou,

quis mudar, tornando ao

essencial do jornalismo. Àquilo

que é verdadeiramente substancial.

À espessura dos acontecimentos.

Numa palavra: à reportagem.

Que é onde reside a

verdadeira natureza da prática

jornalística. O filósofo José Gil,

que foi diretor do “Público” por

um dia, nesse preciso dia, reconheceu

que agora o jornal está

mais “limpo” e liberto das “bugigangas”.

Sendo que terá entendido

por bugigangas os fait-divers,

assim como toda e qualquer

notícia batida e rebatida pelos

abastecedores de informação em

tempo real. Em simultâneo, ou

em simbiose, o “Público” reforçou

a sua edição eletrónica e incrementou

edições para os novos

suportes tecnológicos. O “Diário

do Alentejo” celebra a 1 de junho

o seu octogésimo aniversário.

São 80 anos de verdadeiro compromisso

com a região em que

se insere. Com os seus leitores. E

também a nós, ao fim de oito décadas,

se coloca a mesma questão

de fundo: qual o papel do

papel? Nos últimos meses reforçámos

de forma efetiva a nossa

presença na Internet. O sítio

do “DA” é visitado diariamente

por centenas de seguidores. Na

nossa página no Facebook estamos

a disponibilizar com assinalável

sucesso parte do nosso

arquivo fotográfico. E também

estamos no Meo com um canal

(475533) onde oferecemos as

nossas reportagens videográficas.

E o papel? Numa altura em

que os órgãos de comunicação

nacional dispensam os seus colaboradores

na periferia, o papel

dos jornais locais é cada vez

mais o papel principal. Único.

E insubstituível. Saibamos nós

refundá-los. Tornando à essência

do jornalismo: a reportagem.

Que é a palavra que utilizamos

para dizer: gente.


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