Editorial
Papel
Paulo Barriga
O jornal “Público”
completou
esta semana 22
anos. Que é a precisa
idade do jornalismo moderno
em Portugal. Do jornalismo
de profundidade, enquadrado,
arejado. E fê-lo reinventando -
-se. Revolvendo a edição imprensa
de uma ponta à outra.
Percebendo que, hoje, os jornais,
os de papel, se não têm os dias
contados, para lá caminham. A
passos largos. A profusão de informação
no espaço mediático
é agora de tal forma avassaladora
que não vale a pena pensar
que um jornal, ainda que diário,
possa sobreviver à voracidade
dos dias. Das milhentas possibilidades
eletrónicas. Da televisão
e da rádio, até. O “Público” mudou,
quis mudar, tornando ao
essencial do jornalismo. Àquilo
que é verdadeiramente substancial.
À espessura dos acontecimentos.
Numa palavra: à reportagem.
Que é onde reside a
verdadeira natureza da prática
jornalística. O filósofo José Gil,
que foi diretor do “Público” por
um dia, nesse preciso dia, reconheceu
que agora o jornal está
mais “limpo” e liberto das “bugigangas”.
Sendo que terá entendido
por bugigangas os fait-divers,
assim como toda e qualquer
notícia batida e rebatida pelos
abastecedores de informação em
tempo real. Em simultâneo, ou
em simbiose, o “Público” reforçou
a sua edição eletrónica e incrementou
edições para os novos
suportes tecnológicos. O “Diário
do Alentejo” celebra a 1 de junho
o seu octogésimo aniversário.
São 80 anos de verdadeiro compromisso
com a região em que
se insere. Com os seus leitores. E
também a nós, ao fim de oito décadas,
se coloca a mesma questão
de fundo: qual o papel do
papel? Nos últimos meses reforçámos
de forma efetiva a nossa
presença na Internet. O sítio
do “DA” é visitado diariamente
por centenas de seguidores. Na
nossa página no Facebook estamos
a disponibilizar com assinalável
sucesso parte do nosso
arquivo fotográfico. E também
estamos no Meo com um canal
(475533) onde oferecemos as
nossas reportagens videográficas.
E o papel? Numa altura em
que os órgãos de comunicação
nacional dispensam os seus colaboradores
na periferia, o papel
dos jornais locais é cada vez
mais o papel principal. Único.
E insubstituível. Saibamos nós
refundá-los. Tornando à essência
do jornalismo: a reportagem.
Que é a palavra que utilizamos
para dizer: gente.
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