quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Diário do Alentejo Edição 1583

 
Editorial

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Paulo Barriga



Vamos entrar na última semana
de agosto. Que, em
política, é a semana do tirateimas.
Não a reentrada, mas antes
a entrada de um novo ano político,
de um novo ciclo. A falta de assunto
dará lugar agora a assunto em demasia.
O silêncio cederá ao ruído.
A sensatez perderá espaço para a
indiscrição. Vamos entrar, enfim,
na semana de todas as novidades,
do anúncio, da estratégia, do vaticínio.
Os partidos posicionam-se
como podem na linha de partida
para esta corrida que começa imediatamente
antes do pôr do sol de
agosto. E quem neste instante não
se chegar à frente, com muita dificuldade
chegará na frente. Esta
temporada promete animação a
rodos. Há partidos, como o Bloco
de Esquerda ou mesmo o PS, que
suspiram pela chegada de um novo
messias. Há partidos, como o CDS,
que suspiram pelo não desaparecimento
ou naufrágio do seu próprio
messias. Há partidos, como o PCP,
que aguardam com paciência pela
voz messiânica do seu líder. Há partidos,
como o PSD, que ainda hoje
não acreditam como foi possível
arrasar social e economicamente
um País e o povo desse mesmo
país, envolto em neblina, continuar
mansamente a crer no seu messias.
O ano político que agora entra é o
ano da sobrevivência. A primeira
dúvida consiste precisamente em
saber quem resiste e sobrevive a
quem: se o Governo resiste à imposição
do Orçamento do Estado
para 2013. Ou se o País sobreviverá
às medidas do mesmíssimo
OE. Mas a galope no dorso da política
nacional vão agora aparecer os
jóqueis do poder local. Esta é também
a semana que abre de forma
oficial a pré-campanha para as autárquicas
2013. Quem tiver aspirações
para outubro do ano que vem,
terá que começar já a abanar a bandeirola.
Isto apesar de todas as indefinições
que se mantêm quanto
à lei eleitoral autárquica. Não será
fácil distribuir as peças pelo tabuleiro
do jogo. Numa altura em que
as câmaras estão com o garrote ao
pescoço, endividadas, sem crédito,
reféns das políticas asfixiantes impostas
pela

troika, não se vislumbra
que algum dos atuais autarcas
possa ou consiga brilhar a ponto
de poder manter a sua cadeira a
salvo. Pela mesma ordem de razão,
não se antevê que possam aparecer
candidatos fortes e credíveis o suficiente,
que decidam receber nos
braços o menino deixado pelos outros.
Depois há ainda os ventos soprados
a boca pequena sobre o aparecimento
de listas cívicas. O que, a
acontecer, denota que há gente que
não sabe onde se quer ou vai meter.
No entanto, quem tiver aspirações
é obrigado a entrar na roda.
Agorinha mesmo. Que o tempo é
de entrar para mais esta viagem.
Para mais esta corrida.



 

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