quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Diário do Alentejo Edição 1586



Editorial


Maravilha

Paulo Barriga

Foi uma maravilha. Este sábado,

em Troia, decorreu

a declaração oficial das 7

Maravilhas – Praias de Portugal.

Das quatro praias alentejanas a

concurso, duas maravilharam: a

praia das Furnas, do lado de lá de

Vila Nova de Milfontes, e a praia

da Zambujeira do Mar. De fora

das eleitas ficaram as duas praias

da casa: Troia e Carvalhal, ambas

no concelho de Grândola.

Odemira viu assim reconhecidas

duas das praias do seu território

costeiro. Eufórico, o presidente

da autarquia odemirense exaltou

o bom trabalho de conservação

e de preservação territorial que

por ali tem sido feito. Nada mais

louvável. A Zambujeira do Mar,

não a praia urbana em si, mas todos

os recantos de rocha e areia

que a envolvem – Alteirinhos,

Nossa Senhora, Machados, Tonel,

Carvalhal, Amália – são verdadeiros

pedaços da poesia que originou

o mundo. As Furnas também,

à sua maneira. Mas naquela freguesia,

Longueira -Almograve, não

são menos maravilhosas as praias

dos Nascedios ou do Almograve.

Como atrás delas não ficam as

“derrotadas” Troia e Carvalhal.

Da mesma forma que o Colosso de

Rodes não seria mais imponente

que o Farol de Alexandria. Nem

mais vistosa a Pirâmide Quéops

do que os Jardins Suspensos da

Babilónia. Uma maravilha é uma

maravilha. E ponto final. Nunca

uma maravilha pode ser mais

maravilhosa do que outra maravilha.

São apenas maravilhas.

Coisas assombrosas. Indizíveis.

Prodigiosas. Que não se podem

dividir nem hierarquizar. Picasso,

na sua obra, não é nem mais nem

menos maravilhoso que Miguel

Ângelo. São somente maravilhosos.

Claro que fiquei eufórico

com a eleição da minha praia, a

Zambujeira do Mar, como maravilha.

Nada que quem lá vá, ainda

que por uma única vez, não constate

de imediato. O problema destas

maravilhas, destas que se dão

ao povo para votar, é que por vezes

degeneram em maravilhas de

pacotilha. Lembram-se quando

se deu ao povo a possibilidade de

escolher a mais maravilhosa personalidade

portuguesa do século

XX? O resultado foi o maravilhoso

Salazar.

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