quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Diário do Alentejo edição 1602


Editorial
13
Paulo Barriga

E cá estamos, com o pezinho
trémulo, a entrar no décimo
terceiro ano do milénio.
E os tremeliques não nos vêm
propriamente da superstição ou da
crendice a que o número 13 está subordinado,
mas antes do raciocínio
materialista, puro e duro, positivista,
dos outros números. Dos
números devidos, dos números
das contas do Estado, dos números
que o diabo carrega. Esta semana
iniciamos no “Diário do Alentejo”
uma rúbrica de horóscopos. Não é
por nada do outro mundo. É apenas
porque é giro e divertido. E começamos
o ano 13, como é natural, sob o
signo do capricórnio. O que é coisa
boa. O capricórnio é disciplinado,
concentrado, perseverante, concretizador,
ambicioso. Tudo aquilo que
gostaríamos de ser. Tudo aquilo que
nos recusam, como diria o próprio
Presidente da República na inauguração
oficial do ano 13. Mas o
13, como nos ensina o nosso preconceito
ancestral, está associado
ao azar, ao negativismo, à fatalidade.
Está associado à décima terceira
carta do tarot, que é A Morte.
No entanto, a morte, esta intrigante
morte, nem sempre é aquilo que
dela se pensa ou espera. Os especialistas
dizem que esta carta sugere
renovação e transformação. Que
é, por certo, o vaticínio que mais
necessitamos por estes tempos.
Mudar é uma coisa boa, quando se
muda aquilo que é mau. Ainda que
com sacrifício. Eram 12 os apóstolos
que cearam com Cristo. Ele era o
décimo terceiro. O resto da história
é conhecida. Não há número mais
paradoxal que o 13: leva de veneração
a mesma carga que leva de renúncia.
Os hindus levantam sempre
13 estátuas de buda nos seus
templos. Já os índios mexicanos
adoravam 13 cabras sagradas. O
misticismo que envolve o número
13 congela os nervos de muita gente
por esse mundo afora. Sem razão
aparente para tal. A legenda do
símbolo do Benfica, leva 13 letras:
E pluribus unum. De muitos se faz
apenas um. Parece-me que esta, a
do Benfica, é a via a seguir. Fazer de
muitos, de todos, um apenas. Um
Estado apenas, fraterno, igualitário,
solidário, sob o signo da carta 13 do
tarot. A tal carta maldita que apenas
sugere regeneração, mudança,
transformação. Que o ano 13 traga
isso tudo e, já agora, que traga de
volta o décimo terceiro mês. E isto
sem qualquer ponta de superstição.

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