quinta-feira, 16 de maio de 2013

Diário do Alentejo Edição 1621


Editorial
Produto
Paulo Barriga

A Câmara Municipal de
Beja comprou por 75 mil
euros a marca “Beja”.
Parece-me um bom negócio.
Ainda para mais quando a marca
“Beja” foi inventada por um dos
mais conceituados gabinetes de
arte e desenho do País: a Ivity
Brand Corp. Beja necessita urgentemente
de uma marca e nenhuma
marca lhe ficará melhor
do que a marca “Beja”. Logo aqui
é de louvar a capacidade criativa
dos autores da nova marca.
Escrevo isto sem qualquer pingo
de ironia. Não há muito tempo,
houve um palerma que quis fazer
uma marca para Beja e deulhe
o nome de “Beija”. Diria que é
impossível imaginar coisa mais
estúpida e desenxabida: “Beija”.
Na propaganda, como em tudo
na vida onde se queira estabelecer
comunicação, a mensagem
deve ser clara, concreta e concisa.
Logo, chamar “Beja” a Beja
é uma invenção assinalável. As
marcas servem para relevar produtos
ou serviços. São as setas
amorosas que o cupido publicitário
dispara ao coração dos consumidores.
Com mais ou menos
eficácia. Neste caso concreto devemos
incluir Beja na esfera dos
produtos. E aqui é que podemos
levantar a questão metafísica
do ovo e da galinha. Vamos ter
uma marca “Beja”, mas será que
temos o produto Beja? Será que
o embrulho reflete a qualidade
do produto? Será que o produto
estará pronto a ser comercializado?
Ou será a marca que o
aprimorará? Uma bonita embalagem
serve de pouco quando o
produto que lá dentro vem é de
qualidade duvidosa. Para mim,
que nasci no Hospital Velho, que
cresci na praça da República e
que fiz que estudei no Liceu,
Beja é e será sempre um bom
produto. O melhor dos produtos.
Seja qual for a marca que lhe
colem. Mas desde há pelo menos
duas décadas a esta parte que
comparo Beja às minhas sapatilhas
velhas. Estão todas esfareladas,
mas não deixo de as calçar
assim que posso. Nenhumas
outras se lhe comparam. Hoje e
para sempre.

Sem comentários: