quinta-feira, 4 de julho de 2013

Diário do Alentejo Edição 1628

Editorial


Palhaços

Paulo Barriga


Este título é meramente

simbólico e desconexo.

Ocasional. Ocorreu, saiba -

-se lá porquê. Qualquer vínculo

com a realidade é pura coincidência.

Não enlaça as altas patentes

do Estado que, porventura, possam

vir a ser mencionadas por

aqui abaixo. É tão respeitoso da

causa pública e da Constituição

da República Portuguesa quanto

o circo que está armado em

Portugal o é. Palhaços, malabaristas,

contorcionistas e demais artistas

de variedades merecem -nos

o mais elevado respeito e consideração.

Ponto final. E tudo o mais

que se disser tem a validade de anteontem.

Que foi quando se escreveu

o título “palhaços”. Dois dias

depois do aufwiedersehen de Vítor

Gaspar. Um dia depois do adieu

de Paulo Portas. No suposto dia do

goodbye de Assunção Cristas e do

hasta la vista de Mota Soares. No

preciso dia em que Passos Coelho

e Cavaco Silva resolveram transformar

o Conselho de Ministros

num museu de cera, uma vez que

as figuras de carne e osso se puseram

em debandada. Ponto final.

Tudo o que aqui se disser, por conseguinte,

é velho e já visto e, certamente,

ultrapassado pela velocidade

dos acontecimentos. Pelo

avolumar das palhaçadas. Pela

aguçar do ridículo. Pela superação

dos limites da irresponsabilidade.

Ponto final. Um Governo que esmifrou

o povo português como

nenhum outro teve a ousadia até

hoje. Um Governo que pulverizou

a economia do País como nenhum

outro o conseguiu até hoje.

Um Governo que alimentou o desemprego

e a instabilidade social

como nenhum outro o alcançou

até hoje. Um Governo que errou

e que errou e que tornou a errar

como nenhum outro até hoje. E

que, mesmo assim, contou com

a paciência, a benevolência e até

com alguma esperança dos portugueses

durante dois anos. Um

Governo que ainda assim se esvai,

de forma cobarde e foleira, em

birrinhas internas só pode estar a

mangar com o povinho. Ponto final.

Os ratos são sempre os primeiros

a abandonar a barcaça.

Mas apenas se retiram quando

percebem que ela vai mesmo ao

fundo. Ponto final, no Governo.

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