sexta-feira, 19 de julho de 2013

Diário do Alentejo Edição 1630

Editorial
David
Paulo Barriga
Um dos maiores crimes
ambientais que nos últimos
anos se cometeu
contra o Alentejo foi o abandono
“irrevogável” das obras da autoestrada
entre Beja e Sines. O atual
governo, com o apoio expresso
das eminências pardas do PSD local,
achou por bem interromper a
meio uma empreitada que, no essencial,
estava lançada e avançada
em toda a extensão do trajeto.
Para lá dos largos milhões
de euros que foram deitados para
o lixo, as áreas adjacentes ao trajeto
ficaram minadas de estruturas
fantasma, de armadilhas, de
estaleiros abandonados, de golpes
irremediáveis na paisagem.
Pode-se, e deve-se, questionar a
validade e a rendibilidade de um
equipamento deste género, principalmente
em tempos de crise.
Pode-se, e deve-se, analisar soluções
alternativas. O que não se
pode, isso é um crime de lesa região,
é cruzar os braços perante
o abandono puro e simples das
obras da A26 e, já agora, do IP2.
Esta semana, na sua página pessoal
do Facebook, o presidente da
Câmara Municipal de Ferreira do
Alentejo “noticiou” que o Tribunal
Administrativo e Fiscal de Beja
deu provimento a uma providência
cautelar que esta autarquia interpôs
contra o Estado Português.
A ação, no essencial, exige que os
responsáveis pela trapalhada rodoviária
do Baixo Alentejo, uma
vez que não estão interessados em
concluir as obras da A26, repusessem
o território tal e qual como
estava antes da chegada das máquinas.
A decisão do tribunal não
tem nada de espetacular: é apenas
justa. E vai ao encontro daquilo
que qualquer mente honesta
e despojada de politiquice pensará
sobre o assunto. O Governo
tem agora a esperta tarefa de desembolsar
quase tanto dinheiro
para desmembrar o que já está
feito, quanto o que teria despendido
para concluir a obra. E assim
se faz investimento no Alentejo:
para destruir, para retroceder,
para nada. Esta situação, que tem
tanto de bizarro quanto de imbecil,
tem um claro vencedor. Aníbal
Reis Costa. Que avançou sozinho
contra os tubarões e ganhou como
David prostrou Golias.



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