quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Diário do Alentejo Edição 1644

Editorial
Jovens
Paulo Barriga

Esteve em Beja esta quarta feira
o secretário de Estado
do Desporto e Juventude.
Esteve em Beja e vai correr todo
o País ao abrigo do “Roteiro do
Associativismo”. Que é uma espécie
de volta a Portugal em busca dos jovens,
dos poucos jovens, que ainda
por cá resistem. E que, para além de
resistirem, conseguem sobreviver socialmente
fora das redes sociais eletrónicas.
Não é uma tarefa fácil esta,
a que Emídio Guerreiro se propõe.
O movimento associativo, em geral,
está moribundo. Excluíndo os grandes
clubes deportivos, as pessoas
deixaram de ir à bola com as associações.
Deixaram, por razões de entropia
da sua vida banal. É aborrecido
partilhar o bem comum. É pouco aliciante
exercer a cidadania onde ela
mais exuberantemente se manifesta,
nas associações, quando a própria cidadania
e coesão social lhes é negada
pelos seus governantes. Mas se o movimento
associativo, em geral, está de
rastos, o associativismo juvenil é uma
miragem. Principalmente nas regiões
do interior do País. É o próprio secretário
de Estado destas coisas que
afirma não compreender o seguinte
“fenómeno”: o associativismo jovem
vai minguando de intensidade
de Norte para Sul. Ainda para mais
quando os mecanismos e programas
governamentais para o apoiar são
idênticos em toda a amplitude da geografia
portuguesa. Uma das respostas
a este “fenómeno” terá a ver com o
desinvestimento efetivo que as maiores
autarquias do Alentejo (Beja e
Évora) fizeram nesta matéria durante
os últimos anos. O que é uma verdade
inabalável. Outra razão terá a ver com
a falta de meios e com a péssima comunicação
que existe entre as delegações
regionais do Instituto Português
do Desporto e Juventude (IPDJ) e
a comunidade jovem. Neste momento,
para todo o distrito de Beja,
o IPDJ dispõe apenas de sete funcionários.
Tem umas instalações faraónicas
quase ao abandono. E sabe que
a rúbrica para o desporto, o recreio
e o lazer do presente Orçamento do
Estado vai levar uma talhada de mais
de sete milhões de euros. Mas a principal
razão para o “fenómeno” ainda
não compreendido pelo secretário de
Estado é outra, e simples: não há jovens.
O País rural e interior está a envelhecer
a passos largos e quase irremediáveis.
A falta de oportunidades e
o desânimo abatem-se colossalmente
sobre os que teimam em ficar. Já que
a grande maioria deles, principalmente
os mais qualificados, tem feito
as malas a um ritmo avassalador.
Emídio Guerreiro bem se pode esforçar
na sua busca pela empreendedora
juventude portuguesa. Mas o conselho
que lhe damos é que não deixe de
procurar nas gares dos aeroportos.
Nomeadamente na zona das partidas.
Na próxima edição do “DA” publicamos
uma entrevista exclusiva com
o secretário de Estado do Desporto e
Juventude.

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