quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Diário do Alentejo Edição 1646

Editorial
Balsemão
Paulo Barriga

Francisco Pinto Balsemão
deu uma entrevista ao
“Diário do Sul” onde fala
dos 40 anos do “Expresso” e
dos caminhos que a imprensa
tem que desbravar nos tempos
futuros. A coisa não está fácil,
diz ele. E nós bem o sabemos.
O futuro dos jornais passa pelas
multiplataformas, acredita
ele. E nós concordamos. O jornalismo
de hoje é melhor do
que o de ontem, sublinha ele. E
nós temos as nossas dúvidas. A
crise está a levar a perdas gravosas
na publicidade, toca-lhe
a ele. E também nos toca a nós.
O jornalismo de proximidade
é importantíssimo para a fixação
das identidades regionais,
teoriza ele. E nós disso fazemos
prova. O jornalismo é importante
para a desenvoltura da
democracia e da liberdade de
expressão e da pluralidade de
opiniões, reconhece ele. E nós
não tiramos nem pomos. O jornalismo
deve ser profissional e
deontologicamente irrepreensível,
aconselha ele. E nós também.
Mas que jornalismo é este
tão auspicioso de que fala o patrão
do maior grupo de comunicação
do País, o Impresa, que
nós temos dificuldade em encontrá-
lo nas televisões, nas
rádios, nos jornais, nas revistas
do próprio? É o jornalismo
da miragem, num País perdido
no meio do deserto, sem
uma pinga de água no cantil, à
beira da desidratação e do consequente
desfalecimento. O que
Balsemão não disse e é importante
dizer sobre o jornalismo
é o seguinte: não se faz bom
jornalismo com redações reduzidas
ao mínimo, desprovidas
de jornalistas seniores, animadas
por estagiários a recibo
verde e na dependência da direção
comercial. E, para mal
dos nossos pecados, é isto que
hoje acontece nos 40 anos do
“Expresso” e em toda e qualquer
idade dos órgãos de comunicação
social portugueses. Os
jornalistas experimentados estão
hoje, em geral, no desemprego
ou a mendigar colaborações
“à peça” e são uns chatos
que as administrações não costumam
gostar de aturar. São rigorosos
no relacionamento com
as fontes, criteriosos na redação,
são opinativos na forma de
lidar com os patrões, não gostam
de almoçar com assessores
de imprensa, nem fazem grande
esforço para ter políticos, empresários
ou advogados manhosos
como amigos. Excluindo estes
pequenos pormenores, só
podemos concordar com Pinto
Balsemão em metade daquilo
que ele diz: “Hoje temos mais e
melhor jornalismo”. Mais? Sim,
pois claro! Melhor?

Sem comentários: