sábado, 31 de maio de 2014

Diário do Alentejo edição 1675

Editorial
Parabéns!
Paulo Barriga

Este domingo correm precisamente
82 anos sobre
a primeira edição
do “Diário do Alentejo”. Foi a
1 de junho de 1932 que Carlos
Marques e António Manuel
Engana se lembraram de começar
a publicar em Beja um diário
vespertino. Uma aventura e
peras, diríamos a esta distância.
É que apenas três dias antes
da fundação do “DA” era enviado
para todos os jornais o
projeto de Constituição pensado
e redigido por António de
Oliveira Salazar. Um texto que
entraria em vigor em 1933 e
que viria a ser uma espécie de
carta de intenções do Estado
Novo. O primeiro governo liderado
por Salazar, aliás, tomaria
funções logo em julho de 1932.
Ano em que também é criada
a União Nacional, o único partido
autorizado em Portugal.
Por esse tempo, os Estados
Unidos da América lambiam,
ainda sem assinalável cura, as
feridas da Grande Depressão.
A Alemanha, humilhada pelas
reparações da Primeira
Grande Guerra, permitia a invenção
de Adolf Hitler, que chegaria
a chanceler em 1933. José
Estaline, na União Soviética,
continuava a sua purificação
das almas. O fascismo grassava
em Itália. Cadetes da marinha
e jovens da extrema-direita assassinavam
o primeiro-ministro
japonês. Não tardaria que,
mesmo aqui ao lado, a tenra
república espanhola eclodisse
na mais fratricida das guerras
civis de que há memória. E
é neste perfeito barril de pólvora
que surge o “Diário do
Alentejo”. Ainda para mais com
o intuito de levar aos seus leitores
um projeto editorial pluralista,
livre e isento. Por isso
mesmo, dizemos que foi uma
aventura e peras. E mesmo por
isso, numa altura em que passam
82 anos sobre a instituição
do jornal, não queremos deixar
de prestar homenagem aos
seus fundadores. Foi graças à
sua persistência, ousadia, visão
e integridade que hoje ainda
existimos. Isto, claro, para não
falar nas enormes vicissitudes
que o título passou ao longo da
sua já extensa vida. Muita coisa
mudou nestes 82 anos. Quase
tudo mudou, a bem dizer. Mas
há coisas que então, como hoje,
persistem. A dificuldade de
manter íntegro um jornal de referência
numa das mais empobrecidas
regiões do País é uma
delas. Outra é a estima e o respeito
e a dedicação que ao longo
de todos estes anos sempre nutrimos
pelos nossos leitores, assinantes
e anunciantes. Nesta
data querida, os parabéns são
para vocês!

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