quinta-feira, 12 de junho de 2014

Diário do Alentejo Edição 1677

Editorial
Politécnico
Paulo Barriga

O Instituto Politécnico de
Beja anda na boca do
mundo pela pior das razões.
A razão da política. Da política
barata, da acusação ligeira,
dos jogos de interesses, dos tachos
e dos favorecimentos. Da política
à portuguesa no seu pior, por conseguinte.
O que é de lamentar. O
IPBeja é uma instituição demasiadamente
importante e fundamental
para a região e para a cidade.
Não apenas na razão direta dos
postos de trabalho que gera. Não
apenas pela dinâmica económica
que os seus alunos, funcionários e
docentes ainda imprimem numa
cidade quase moribunda a esse
nível. Mas sobretudo pela existência
de um polo de conhecimento
e de saber nesta região. Espero
que não nos lembremos apenas
deste “pequeno pormenor”
quando o IPBeja sucumbir. De
vez. É que existe muito boa gente,
do Governo a outras instituições
congéneres, que ficariam radiantes
com essa notícia. O tempo económico
e político do País não é
favorável à existência de estabelecimentos
de ensino superior
fora dos grandes centros. Aliás,
o tempo económico e, sobretudo,
político do País é de grande ferocidade
para com as regiões periféricas
em geral. Basta relembrar
as recentes reestruturações administrativas,
judiciárias ou fiscais
para perceber o que a casa gasta.
E, ao nível do ensino, de forma
transversal, do primário ao superior,
a coisa afina pelo mesmo diapasão.
Pelo que sermos nós próprios
a arrastar pela lama uma
instituição que nos é essencial e
que corre sérios riscos de sobrevivência
não deixa de ser um ato
de genuíno masoquismo. É evidente
que as estratégias do IPBeja
são criticáveis. É demasiado óbvio
que o IPBeja não corresponde a todas
as reais necessidades formativas
da região. É gritante a falta de
entrosamento do IPBeja com a comunidade.
Mas estas, como muitas
outras, são matérias que deverão
ser espicaçadas e melhoradas
dentro da própria instituição, nos
seus órgãos próprios. Agora a ser
verdade que esses órgãos, como
nestes dias anda nas bocas do
mundo, promovem o saneamento
político e profissional de docentes.
Se a composição desses órgãos
depende de relações políticas e de
poder menos claras, de favorecimentos
pessoais, de jogos de bastidores
e de interesses individuais
dos seus responsáveis, ai a coisa
pia de outra forma. E nunca é demais
lembrar que o IPBeja não é
pertença de ninguém, de nenhum
partido, de nenhum grupo de interesses.
O IPBeja é um conseguimento
coletivo da região, para o
bem e apenas para o bem. E quem
estiver mal...

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