sexta-feira, 20 de junho de 2014

Diário do Alentejo Edição 1678

Editorial
Pacto
Paulo Barriga

Esta semana, 17 entidades
da região assinaram um
pacto para o desenvolvimento
do Baixo Alentejo. Um
acordo abrangente que visa, no
essencial, uma coordenação de
vontades e de ideias para agir durante
e perante o próximo quadro
de apoios comunitários. Assinar
ou estabelecer um pacto é sempre
algo considerável. O pacto,
qualquer que seja, advêm do coletivo,
da concordância, da combinação
conjunta de estratégias.
E isso é algo que, infelizmente,
não se tem visto em abundância
neste território, para mal dos
pecados das populações. É certo
que Bruxelas alterou as regras do
jogo. Agora, para aceder ao principal
do bolo comunitário, é necessário
estabelecer parcerias,
desenvolver projetos com maior
amplitude e abrangência, colocar
a cabeça a funcionar, por conseguinte.
Estamos, mais coisa menos
coisa, na fase do enterro da
política de financiamento das rotundas.
Que é, mais coisa menos
coisa, o luto do individualismo
institucional, do protagonismo
eleitoralista, do atomismo saloio.
Bruxelas, ao exigir união, está finalmente
a ser nossa amiga. De
verdade. É certo que algumas rúbricas
do novo quadro comunitário
são demasiado restritivas
e até lesivas para as autarquias,
autonomamente. Mas, no essencial,
está a insuflar-nos um arzinho
daquilo que deve ser a região
agora e no futuro: uma
entidade coesa, solidária e agregada.
Há muito tempo que se
percebeu que no jogo do cada
um por si nunca ninguém ganha.
Para abrir a narrativa do romance
fundamental Por Quem
os Sinos Dobram?, Emingway
escolheu uma breve citação de
John Donne: “Nenhum homem
é uma ilha inteira de si mesmo”.
Um pensamento que se adapta na
perfeição a este pacto e a todos os
pactos futuros que a região exige.
É que muito do nosso isolamento,
muita da nossa irrelevância junto
do poder central, muito do nosso
imobilismo se deve precisamente
à inexistência de congregação de
vontades. Os ingleses têm uma
boa palavra para isto mesmo: lobby.
O Baixo Alentejo necessita
com urgência de criar um lobby
forte, atuante, abrangente, legítimo
e eticamente irrepreensível.
E este parece ser o momento
ideal para avançar com esse ajuntamento
de vontades. É importantíssimo
(e louvável) que o presente
pacto tenha sido emanado
da Comunidade Intermunicipal
do Baixo Alentejo. Que é, agora,
o único local onde as populações
da região têm voz. E quanto
maior for a sua voz, a voz de todos,
mais ela se fará escutar com
firmeza. Certamente.

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