Fado do Sobreiro
Abílio Morais / Alfredo Duarte
Lá no cimo do montado
No ponto mais elevado
Havia um enorme sobreiro
De todos era a cobiça
A dar bolota e cortiça
No montado era o primeiro
Mas um dia, a tempestade
Fez ouvir lá na herdade / O ribombar dum trovão
E no céu uma faxa risca
E uma enorme faísca / Fez o sobreiro em carvão
Passaram anos e agora
No mesmo sítio lá mora / Um chaparro altaneiro
E em noites de luar
Ouve-se o montado a chorar / Com saudades do sobreiro
É assim a nossa vida
Constantemente vivida / Quase sempre a trabalhar
Mas se um dia a morte vem
Nós deixámos sempre alguém / Com saudades a chorar
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