sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Diário do Alentejo Edição 1707

Editorial
Limbo
Paulo Barriga

O título deste artigo foi retirado
do discurso da presidente
da direção do
Centro de Paralisia Cerebral de Beja
(CPCB). Diz esta responsável que
há dois utentes do centro que ficaram
numa espécie de limbo, após
o Centro Distrital de Segurança
Social de Beja ter dado o dito pelo
não dito em relação à celebração de
um acordo de cooperação que levaria
à ativação em Beja de um lar residencial
com 22 camas, destinadas
a utentes com doenças profundas,
muitos deles sem autonomia para
realizar a sua própria higiene pessoal.
A história, que tem tanto de
sórdido como de desumano, vai
mais longe, abrange uma dezena de
doentes, e está grandemente contada
no tema de capa da presente
edição do “DA”. Pelo que não carece
aqui de mais pormenorização.
Já o processo de cativação de verbas
para a abertura do lar do CPCB tem
mais alguma coisa que se lhe diga.
Deste o início de dezembro último
e até bem perto do Natal, o Centro
Distrital de Segurança Social de
Beja encetou um processo premente
para a abertura de 22 camas num
lar residencial no CPCB, onde já
existiam 14 utentes em lar de apoio.
Pediram urgência a esta instituição
no sentido de contratar pessoal e
de ultimar todos os contornos técnicos
e logísticos para a abertura
do equipamento até final do ano.
Fizeram-se investimentos, contratações
e melhoramentos até que, a
12 de dezembro, a Segurança Social
de Beja veio dizer que “afinal” tudo
tinha sido um mal entendido e que
não havia verba para qualquer cama
em regime residencial. Para além
da aparente falácia, das supostas
mentiras, há aqui a reter a postura
da diretora da Segurança Social de
Beja. Helena Branquinho Barreto,
que foi ali colocada pelo CDS-PP
sem qualquer tipo de valência curricular
que o justificasse, conduziu
o processo de forma escorregadia,
sem nunca deixar uma única letra
escrita sobre o mesmo, ao bom jeito
de outros tempos, sempre com base
na palavra e na boa-fé (dos outros),
e acabou por roer a corda, transferindo
o dinheiro que estava destinado
a Beja para Odemira, para um
lar ainda sem a totalidade dos utentes
selecionados. Era importante
saber porquê Odemira (a resposta
deve ser interessante). Era importante
saber por que anda a diretora
da Segurança Social desaparecida.
Era importante saber por que
carga de água é impossível contactar
com os serviços. Era bom ouvir o
que têm a dizer os responsáveis distritais
do PSD e do CDS-PP sobre o
assunto. Era bom que a Segurança
Social não fosse este limbo à margem
da sociedade.

Sem comentários: