quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Diário do Alentejo Edição 1763


Editorial
Livros
Paulo Barriga

No final de janeiro foi apresentada
em Beja, na biblioteca
pública, uma nova associação
dedicada aos escritores do
Alentejo. Chama-se Assesta. A ideia
primordial da coletividade passa
pela promoção e divulgação dos autores
locais e das suas obras, não
apenas no seu território de origem,
como para além dele. É boa e valiosa
a ideia. Que lhe não falte sucesso
e uma longa existência. Durante a
sessão de apresentação pública da
Assesta, entre variados intervenientes,
falou o Professor Galopim
de Carvalho. Sim, esse mesmo a
quem com carinho o povo ofereceu
a alcunha de “avô dos dinossauros”.
Galopim de Carvalho é, por certo,
um dos mais conceituados cientistas
portugueses vivos. Geólogo de
formação, paleontólogo de coração,
divulgador e defensor do património
natural, cultural e científico
por convicção.Galopim de
Carvalho, sobretudo na década de
1990, também se dedicou à ficção
literária. E por isso mesmo terá sido
convidado para dizer algumas palavras
no lançamento da Associação
dos Escritores do Alentejo. Aos 84
anos de idade, o que anima verdadeiramente
Galopim de Carvalho?
Os computadores, a Internet, o
Facebook e, acima de tudo, a possibilidade
de escrever a cada instante
e de, nesse preciso instante,
poder contar com algum leitor ocasional
algures achado no ciberespaço.
“Quando estou ao pé do computador
as horas passam de outra
forma, fico mais animado, mais feliz”.
Se não foi bem com estas palavras,
foi pelo menos esta a lição de
sabedoria que Galopim de Carvalho
deixou para justificar o facto de não
achar nada importante nem necessário
editar hoje livros em papel.
Coisa que, no que toca à literatura,
o próprio deixou de fazer há mais
de 10 anos. O que levanta uma série
de questões interessantes. Por que
razão proliferam com sucesso as
editoras “alsa drink” no tempo em
que a escrita está democratizada
nos meios eletrónicos? Qual a necessidade
de um qualquer novo autor
associar o seu nome a editoras
que por si são sinónimo de chungaria?
Para quê editar tantos preparados
instantâneos quando o mercado
livreiro está saturado e em
crise? E quando os leitores são cada
vez mais uma exótica e esquisita
minoria? Antes, pela raridade do
momento, quando alguém editava
um livro, caso já tivesse um filho,
dizia-se que só lhe faltava plantar
uma árvore para atingir a realização
total. Hoje, a parte difícil do teorema
está mesmo ao nível de conceber
criancinhas.
Lebrinha Uma familiar de um dos
antigos sócios-gerentes do Lebrinha
informou-nos que esta mítica cervejaria
de Serpa não está falida,
mas antes em processo de venda,
e que abrirá com nova gerência no
mais breve espaço de tempo.

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