quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Diário do Alentejo Edição 1765

Editorial 
Pântano
 Paulo Barriga 

“Não há uma segunda oportunidade para causar uma boa primeira impressão”. São conhecidas diferentes variantes e distintas paternidades para esta expressão. Mas é a António Guterres que a maioria das pessoas que costuma frequentar Portugal atribui a sua comovente autoria. E, na verdade, no início do seu segundo mandato, não muito antes de se ter raspado e de ter deixado o País de tanga (a interpretação é de Barroso), António Guterres empregou este precioso naco de filosofia para ensinar aos seus ministros que é no início da governança que se mostra às pessoas ao que se vem e a bondade daquilo que se traz. Nem por mero acaso, António Costa era dos que se encontrava entre os educandos de Guterres. O que lá vai, lá vai. E eis que Costa, sem saber ler nem escrever, mas com grande desembaraço no contar pelos dedos, chega a primeiro-ministro de Portugal. Logo, é-lhe dada a primeira oportunidade de causar uma boa primeira impressão. Como lhe coreu? Correu-lhe mal. Muito mal mesmo. Pelo menos no que toca ao Baixo Alentejo. Em apenas 15 dias de um fevereiro que ficará glorificado e gravado a negro na história trágico-política da região, António Costa (atenção, não perder de vista o Capoulas) veio a Évora assinar o contrato de instalação de mais uma fábrica de componentes metálicos aeronáuticos e não teve até hoje uma única palavra sobre o aeroporto de Beja. Mandou o ministro da Agricultura (bem vos disse para não o perder de vista) lançar o pânico sobre as finanças da empresa que desenvolve o projeto do Alqueva, que é a forma mais manhosa de dizer que o empreendimento vai ficar por aqui e ponto final. Instigou o ministro das estradas a vir a Beja dizer qua não havia dinheiro para o IP2 nem para o IP8. E, imagine-se, apresentou um plano de investimentos ferroviários para serem incrementados até 2020, no qual se exclui com total descaramento a eletrificação da linha entre Beja e Casa Branca e muito menos se inclui a revitalização da linha interior para o Algarve. É mau de mais para o ser, mas é a verdade. E António Costa ainda nem anunciou, como certamente o mandará fazer em breve, a redução de valências no Hospital de Beja em função da construção de um novo hospital central em Évora. Caso se atribua um nadinha de valor, mesmo pouco que seja, às palavras de António Guterres, no que toca ao distrito de Beja, entre todos eles, este foi o Governo que pior primeira impressão até hoje causou. Quando Guterres quis bazar olhou para trás e disse: “Faço-o para que o País não caia num pântano político”. Pois é nisso mesmo que os seus seguidores de então (que são os mesmos de agora) parece estarem metidos ou a caminho. Do atoleiro. 

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