sábado, 7 de janeiro de 2017

Diário do Alentejo Edição 1811

Editorial
Credo
Paulo Barriga

O ministro do Planeamento
e das Infraestruturas,
Pedro
Marques, deverá pronunciar-
-se por estes dias em relação
ao futuro a dar ao aeroporto
de Lisboa. Ou melhor, deverá
anunciar muito em breve qual
o desfecho para o aclamado
modelo Portela+1, uma solução
que passa pela manutenção
das companhias de bandeira
no atual Aeroporto Humberto
Delgado, desviando para uma
aerogare de apoio as operadoras
low cost. A ideia de “deslocalizar”
parte da operação do aeroporto
de Lisboa para a Margem
Sul não é nova. E teve em José
Sócrates um acérrimo adepto.
Aliás, o antigo primeiro-ministro
socialista propunha inclusivamente
a construção de
um aeroporto de raiz algures
entre as matas de sobreiros
e azinheiras do Montijo ou de
Alcochete. Sobre o assunto, o
atual Governo parece ter uma
leitura mais frugal, uma vez
que tudo indica que a solução a
anunciar passa pela utilização
partilhada para fins militares e
civis da base aérea n.º 6, localizada
no Montijo. Dá-se, no entanto,
o caso de a tropa não estar
para aí virada. No Montijo
tem a Força Aérea um dos seus
principais assentamentos, onde
estaciona quatro esquadras
operacionais: Falcon, C-130,
C-295 e helicópteros EH-101.
O que gera tráfego aéreo com
fartura e incompatibilidades a
mais com os cerca de 15 movimentos
por hora que as companhias
de baixo custo estimam
ali realizar. Mas como tudo na
vida tem um preço e como mais
tarde ou mais cedo alguém se
predispõe a pagá-lo, a retirada
dos militares do Montijo deverá
custar ao Estado qualquer
coisa a rondar os 500 milhões
de euros. Isto apenas para realizar
a deslocalização completa
daquela unidade militar. A este
gentil pecúlio se juntará verba
em quantidade necessária para
erguer um terminal de passageiros.
O que, olhando aos hábitos
e requintes de quem costuma
governar este País, não
se deverá deixar ficar por menos
de outro tanto. Uma pipa de
massa que custeará não apenas
o modelo Portela+1, como também
pagará o enterro definitivo
da vertente comercial/passageiros
no aeroporto de Beja. Uma
infraestrutura que está pronta
e a funcionar, operacional, que
pouco custou aos contribuintes
e que, por acaso, até partilha a
pista com uma unidade militar
aérea... Ops, é melhor não dar
ideias. Cruzes credo, lagarto-
-lagarto-lagarto.

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