sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

Diário do Alentejo Edição nº 1815


Editorial
Semanário
Paulo Barriga

É provável que a esmagadora
maioria dos leitores
do “Diário do Alentejo”
disso já não tenha memória ou
que, ainda mais provável, nunca
se tenha apercebido sequer dessa
pequena, embora grande, iniciativa.
Em janeiro de 2011, com direito
a nota editorial e tudo, tomámos
a liberdade de retirar do
cabeçalho do nosso jornal a legenda
“Semanário Regionalista
Independente”, que lá esteve desde
os anos 1980. Na ocasião, algumas
pessoas, não muitas, classificaram
o ato de provocatório e até
houve quem o considerasse inadmissível,
porque em contradição
com o próprio código genético do
jornal. No entanto, foi nosso entendimento
que, àquela data, não
éramos merecedores dos títulos
que exibíamos na primeira página.
Achámos que era enganador
andarmos a autorrotular-nos
de “regionalistas”, quando o jornal
já pouco ou nada espreitava
para lá da praça central da cidade
de Beja. E que era muito pouco
ético, para não dizer herético, ostentar
o título de “independente”,
quando eram recorrentes e públicos
os combates políticos pelo
seu controlo e quando as tentativas
(algumas delas conseguidas)
de manipulação dos seus conteúdos
se sucediam. Mas abolir,
ainda que temporariamente, a legenda
“Semanário Regionalista
Independente”, não resultou apenas
numa ação repositória da decência
jornalística e da verdade
perante os nossos leitores. Foi, antes
de tudo, uma espécie de programa
ou de manifesto editorial
que assumimos nos seis anos que
se seguiram. Até hoje. Um caminho
considerável, ao longo do qual
estabelecemos o compromisso de
regressarmos para junto das pessoas,
de defendermos a nossa cultura
na sua multiplicidade, de
promovermos o mérito em vez
da desgraça, de darmos voz a este
território, na integra. Nesta caminhada,
movida nem sempre
em terrenos planos, somos chegados
à altura em que decidimos
republicar a legenda “Semanário
Regionalista Independente”. Não
apenas porque hoje nos achamos,
por fim, no pleno direito do seu
usufruto, mas também porque os
tempos assim o exigem. Numa altura
em que se avizinham eleições
para os órgãos locais e a tentação
se agudiza e num quadro político-
-governamental em que o dossiê
das regiões administrativas foi de
novo lançado para a valeta, nada
como reerguer as bandeiras da independência
e da regionalização.
Principalmente nas páginas deste
que é o dos poucos diários do
mundo que, afinal, é semanário.

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