A realizar-se anualmente desde 2003, o festival “Terras Sem Sombra” continua,
em 2012, a (re)abrir as portas das igrejas e monumentos religiosos históricos da
região alentejana à música sacra.
Ao todo, o festival estende-se por quatro
meses, em jeito itinerante, tendo já começado no passado dia 24 de Março em
Sines, e com despedida marcada para o dia 23 de Junho, em Castro Verde. No entretanto passará por Almodôvar, Beja, Grândola e Vila de Frades, sempre em igrejas ou junto a elas.
“A programação 2012 está essencialmente centrada na importância do
canto na música. Estabelece um percurso, legível, facilmente interpretável.
Começa na polifonia do renascimento até à vanguarda. Tratamos de épocas,
correntes, dando uma visão ecuménica, aliás, não nos centramos apenas na
tradição ocidental mas olhamos também para a ortodoxa, com o Rachmaninov à
cabeça”.
José António Falcão, Director Geral da iniciativa, falou com o Hardmusica
sobre um festival que vai crescendo em contraciclo, com entradas gratuitas e
numa espécie de anonimato sulista.
O director começa por nos contar que a organização tenta este ano
“aprofundar a internacionalização do festival”, sendo sua a
vontade de fazer do Alentejo uma paragem reconhecida na rota internacional da
música sacra.
Como trunfo, relembra a possibilidade de os concertos se poderem realizar nas próprias igrejas: “em vários pontos do globo e também no nosso país, a música sacra em concerto está a ser um pouco rechaçada das igrejas. Não foram poucas as vezes que em festivais se tiverem que trocar as igrejas por salas de concerto, o que é uma verdadeira aberração e um erro que se paga caro”, argumenta, enfatizando a singularidade do “Terras Sem Sombra” no panorama actual da música clássica.
Como trunfo, relembra a possibilidade de os concertos se poderem realizar nas próprias igrejas: “em vários pontos do globo e também no nosso país, a música sacra em concerto está a ser um pouco rechaçada das igrejas. Não foram poucas as vezes que em festivais se tiverem que trocar as igrejas por salas de concerto, o que é uma verdadeira aberração e um erro que se paga caro”, argumenta, enfatizando a singularidade do “Terras Sem Sombra” no panorama actual da música clássica.
Por se realizar numa zona onde as populações precisam de apoio, a organização
não as esquece, fazendo delas o primeiro público-alvo: “As pessoas que
vivem nesta região têm vindo a ser, injustamente, afastadas dos circuitos
culturais, e tentamos combater isso”, atira Falcão.
Mas a ambição é maior, e não se esquecem das populações das áreas contíguas e do próprio estrangeiro, especialmente do mercado espanhol. Este ano, aumentaram os números de contactos internacionais, o que regozija Falcão pelo facto de a organização olhar para o festival como “o rosto da região” e garante que o grande objectivo passa por convidar as pessoas a visitarem, não só o festival, mas também o Alentejo.
Mas a ambição é maior, e não se esquecem das populações das áreas contíguas e do próprio estrangeiro, especialmente do mercado espanhol. Este ano, aumentaram os números de contactos internacionais, o que regozija Falcão pelo facto de a organização olhar para o festival como “o rosto da região” e garante que o grande objectivo passa por convidar as pessoas a visitarem, não só o festival, mas também o Alentejo.
Fortemente ligado à zona onde se realiza, o festival tem a particularidade de
não cobrar bilhetes para nenhum dos concertos.
O director garante-nos que isto não é sinal de grande orçamento, apenas um reflexo da realidade da região: “estamos a tentar consolidar públicos”, é a sua primeira resposta, completando dizendo que o Alentejo “tem muito poucos espectáculos de música clássica, como de outro tipo, e portanto o hábito de frequência destes eventos é algo que se tem vindo a enraizar pouco a pouco”.
Mais uma razão é a dúvida sobre a legalidade da cobrança por entradas em igrejas, que é também uma questão cultural: “O acesso á igrejas é um acesso por natureza gratuito. As pessoas acabarão por se adaptar a novos modelos, mas temos de ter em atenção que existem ritmos diferentes dentro do nosso país. Se há locais onde já é hábito este tipo de iniciativas, outros há que as organizações estão verdadeiramente a desbravar terreno”.
O director garante-nos que isto não é sinal de grande orçamento, apenas um reflexo da realidade da região: “estamos a tentar consolidar públicos”, é a sua primeira resposta, completando dizendo que o Alentejo “tem muito poucos espectáculos de música clássica, como de outro tipo, e portanto o hábito de frequência destes eventos é algo que se tem vindo a enraizar pouco a pouco”.
Mais uma razão é a dúvida sobre a legalidade da cobrança por entradas em igrejas, que é também uma questão cultural: “O acesso á igrejas é um acesso por natureza gratuito. As pessoas acabarão por se adaptar a novos modelos, mas temos de ter em atenção que existem ritmos diferentes dentro do nosso país. Se há locais onde já é hábito este tipo de iniciativas, outros há que as organizações estão verdadeiramente a desbravar terreno”.
O festival não se pode queixar de falta de público, tendo já esgotado todos
os concertos na edição do ano passado. Este ano, Falcão acredita que ainda é
possível crescer mais, ou seria, não fossem as limitações estruturais, como as
igrejas que “começam a ser pequenas para a enorme afluência”,
diz-nos, levantando depois outra questão: “temos terras que exercem
imensa pressão para aderirem a este festival. O problema é que temos a nossa
própria escala, e não a podemos prejudicar por qualquer razão”.
Apesar de o “Terras Sem Sombra” poder tornar-se num caso sério na agenda
musical portuguesa, os apoios institucionais não abundam: “Apesar do
apoio das Câmaras Municipais, a chave do sucesso do festival tem sido a própria
sociedade civil. Quando perdemos o apoio do Ministério da Cultura foram as
misericórdias, as empresas, as famílias que nos ajudaram, oferecendo diversos
serviços. Além disso, os contactos de Paolo Pinamonti, permitem trazer ao
festival grandes nomes da música sacra a preços bem mais baixos daquilo que
cobram habitualmente”.
No próximo dia 14 de Abril, o “Terras Sem Sombra” passará por Almodôvar, para apresentar um dos momentos altos do festival: “vamos colocar o Marcos Portugal em diálogo directo com o Domenico Cimarosa, numa celebração do melhor que se fez no barroco”, garante, destacando a mistura de “temas litúrgicos com compositores que se “usam da linguagem sacra para falar da sua sociedade, que faz da programação 2012 algo muito sedutor”.
"In hard musica"
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