Editorial
Sete
Paulo Barriga
Vivemos num país deveras
complicado. Sinuoso.
Baralhado. Não há
muito, o Governo da Nação,
quase clandestinamente, sem
fazer ondas, nem estudos de viabilidade,
nem ideia do que realmente
fazia, construiu um aeroporto
em Beja. Uma obra
barata, para o efeito, mas de
grande interesse para a região.
Isto se neste mundo existisse alguém
com interesse na própria
obra barata, sem sustentabilidade
prévia, sem acessibilidades,
longe do inerente mundo.
Certo é que, ao contrário de todos
os ensinamentos da história
da democracia em Portugal, um
Governo construiu uma obra
com algum fôlego em Beja. Um
aeroporto. Não uma escola, não
um quartel de bombeiros, não
um lago com repuxo. Um aeroporto.
Pequenino, mas à séria.
Um aeroporto que, tirando algumas
excursões e voos patrocinados,
tem estado às moscas. Por
falta de estratégia, terão concluído,
por fim, os governantes pátrios.
E nisto criaram, e bem, um
grupo de trabalho para, em três
meses, germinar ideias que possam
viabilizar a infraestrutura.
Entram no grupo: a tropa, que é
dona da pista que incompreensivelmente
ainda está por certificar,
a ANA, que é dona da casa,
e a Ccdra, que é dona da política.
A estes se juntam o turismo, as
autarquias em associação e os
empresários locais. No
cockpit,
um empresário bejense da esfera
do partido do Governo. O grupo
dos sete. Cuja primeira grande
provação será precisamente justificar
porque são sete e não oito,
ou nove, ou 10, ou 11, tantos são
os pretendentes excluídos que já
se manifestaram. E, principalmente,
chamar a si, por que ali
não mora, gente que sabe realmente
do assunto: os operadores
internacionais, as companhias
de voos económicos, os verdadeiros
especialistas em aviação
civil e em aeronáutica. É que
este pode vir a ser, na verdade, o
primeiro grande voo a partir de
Beja. Um voo coletivo. Porque
até aqui, por falta de visão estratégica,
temos voado muito baixinho.
Como na anedota do crocodilo.
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