quinta-feira, 14 de junho de 2012

Diário do Alentejo Edição 1573




Editorial

Sete

Paulo Barriga


Vivemos num país deveras


complicado. Sinuoso.

Baralhado. Não há

muito, o Governo da Nação,

quase clandestinamente, sem

fazer ondas, nem estudos de viabilidade,

nem ideia do que realmente

fazia, construiu um aeroporto

em Beja. Uma obra

barata, para o efeito, mas de

grande interesse para a região.

Isto se neste mundo existisse alguém

com interesse na própria

obra barata, sem sustentabilidade

prévia, sem acessibilidades,

longe do inerente mundo.

Certo é que, ao contrário de todos

os ensinamentos da história

da democracia em Portugal, um

Governo construiu uma obra

com algum fôlego em Beja. Um

aeroporto. Não uma escola, não

um quartel de bombeiros, não

um lago com repuxo. Um aeroporto.

Pequenino, mas à séria.

Um aeroporto que, tirando algumas

excursões e voos patrocinados,

tem estado às moscas. Por

falta de estratégia, terão concluído,

por fim, os governantes pátrios.

E nisto criaram, e bem, um

grupo de trabalho para, em três

meses, germinar ideias que possam

viabilizar a infraestrutura.

Entram no grupo: a tropa, que é

dona da pista que incompreensivelmente

ainda está por certificar,

a ANA, que é dona da casa,

e a Ccdra, que é dona da política.

A estes se juntam o turismo, as

autarquias em associação e os

empresários locais. No

cockpit,


um empresário bejense da esfera

do partido do Governo. O grupo

dos sete. Cuja primeira grande

provação será precisamente justificar

porque são sete e não oito,

ou nove, ou 10, ou 11, tantos são

os pretendentes excluídos que já

se manifestaram. E, principalmente,

chamar a si, por que ali

não mora, gente que sabe realmente

do assunto: os operadores

internacionais, as companhias

de voos económicos, os verdadeiros

especialistas em aviação

civil e em aeronáutica. É que

este pode vir a ser, na verdade, o

primeiro grande voo a partir de

Beja. Um voo coletivo. Porque

até aqui, por falta de visão estratégica,

temos voado muito baixinho.

Como na anedota do crocodilo.

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