quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Diário do Alentejo Edição 1638

Editorial
Cândido
Paulo Barriga

Sim, sou um otimista! E depois?
Acho, sinceramente
que Beja, toda esta região,
está condenada ao sucesso. Por
muito que, de fora, a queiram
combater, não há volta a dar-lhe. É
verdade que nunca houve um governo
da nação, um sequer, antes
e depois de Abril, que tivesse
para connosco uma atitude verdadeiramente
solidária. Persistente.
Construtiva. Que nos fizesse rumar
ao desenvolvimento e ao enriquecimento.
É verdade. Somos
poucos. Apenas temos voz grossa
para cantar. Geramos poucos votos.
Poucos deputados. Nenhuma
influência. No entanto, a espaços,
quando o abandono da região se
tornou de tal forma evidente e indisfarçável,
alguns governantes,
de forma caridosa ou paternalista
ou eleitoralista, cometeram erros.
Bons erros. O primeiro foi quando
quiseram transformar o paraíso
na terra, Sines, num eldorado petrolífero.
Conseguiram. Não há
volta a dar-lhe. Mais tarde, lembraram-
se que havia no Guadiana
um paredão com um nome malcriado.
Barraram o curso do rio ao
pé da aldeia do Alqueva e, ainda
hoje, arrependidos, tesos e pesarosos,
estão obrigados a abrir
veias de água por toda a região.
Custa-lhes muito, nós sabemos,
mas o desenvolvimento agrícola
do Alentejo é já hoje uma realidade.
E mais será quando as terras
boas começarem a ser regadas.
Não há volta a dar-lhe. Por
fim, num daqueles ataques de incontinência,
levantaram um terminal
aeroportuário numa antiga
base aérea militar. Que belo
e tremendo erro. É certo que, por
estes dias, pouca carga ali sobe e
desce e raros passageiros o frequentam.
Mas está feito. Está lá.
Não há volta a dar-lhe. Está, como
Beja, como toda esta região, condenado
ao sucesso. São três erros
irreparáveis que, mais cedo
do que tarde, conduzirão a novos
erros. Nomeadamente ao erro da
eletrificação da linha ferroviária e
ao erro da requalificação dos dois
principais eixos rodoviários da região.
Mas se estamos condenados
ao sucesso, qual é então o nosso
problema? Que maleita nos derruba?
E nos encabisbaixa? É simples:
termos de conviver com os
erros dos outros. E não sermos geradores
das nossas próprias vontades.
Falta-nos autoestima, atrevimento,
otimismo, união. Tudo
coisas não elegíveis pelos fundos
comunitários. É por isso os atuais
eleitos e aqueles que eleitos forem
daqui a 15 dias, tenham a patine
política que tiverem, têm de
cantar em rancho. Todos juntos.
A uma só voz. E não à desgarrada,
ao balcão das suas próprias
tabernas, como costuma acontecer.
Caso contrário, não há volta a
dar-lhe.

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