quinta-feira, 26 de setembro de 2013

DIÁRIO DO ALENTEJO EDIÇÃO 1640

Editorial
Votar
Paulo Barriga

Todo o tempo é bom para criticar
a atuação e as propostas
dos políticos. É da crítica
que advém a luz. É nela que surgem
as ideias. É dela que se desprende a
mudança. A crítica é a elevação da
cidadania ao seu estado mais puro,
ao estado da identificação do erro.
E, talvez, da sua superação. Todo
o tempo é bom para exercer o direito
à crítica, mas nenhum tempo
de crítica será tão verdadeiramente
pleno como o momento de
votar. É na solidão quadrada da
câmara de voto que a crítica mais
sentido faz. É nesse instante de total
liberdade, nesse livre exercício
de cruzar dois riscos, nessa secreta
nesga de verdade, que a democracia
acontece. Plenamente. E em
consciência. Votar não é um dever,
nem um direito, nem uma obrigação.
Votar é a exaltação absoluta
do indivíduo social. O efeito subsequente
do voto de cada um pode
ser apenas um número numa lista.
Uma espécie de “dano” colateral.
Já o ato de votar, em si, é qualquer
coisa inumerável. No domingo
há eleições para as Autarquias
Locais. O poder de proximidade
vai a votos. No Baixo Alentejo e
Alentejo Litoral são largas as centenas
de cidadãos que decidiram
dar a cara em nome da melhoria
da coisa comum, frequentando as
diferentes listas de candidatos às
Juntas de Freguesia, às Câmaras
Municipais, às Assembleias
Municipais. Todos eles, sem exceção,
já são ganhadores desta eleição.
Vencerão igualmente todos
aqueles que no domingo forem votar.
Independentemente dos resultados
do escrutínio. E já venceram
as populações que escutaram
os diferentes argumentos de quem
pretende governar a vizinhança.
Porque as campanhas eleitorais
não são apenas sorrisos e festarolas
e flautadas. Também trazem
agarradas ideias, reflexões,
propostas mais ou menos exequíveis.
Mais ou menos fantasiosas.
Propostas que concedem sempre
grande ânimo às terras, ainda que
quando lançadas em tempos desanimadores.
Tome-se o caso de
Beja como exemplo. Quem não
quererá uma Beja “capital”, como
propõe o PS? Quem duvidará que
Beja deverá ser “reafirmada” com
confiança, como sugere a CDU?
Quem desdenhará que Beja terá de
ser “mais”, como sugere a coligação
PSD/CDS-PP? Quem se oporá
a que Beja deverá crescer “com
todos”, como aconselha o movimento
de cidadãos independentes?
Ninguém, por certo. Pelo que,
aqui, como na mais ínfima freguesia
do País, o voto de cada um
confirmará a vontade coletiva.
Definirá criticamente o futuro de
cada comunidade. Naquele rápido
e solitário instante em que apenas
a consciência intervém sobre a lapiseira

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