quinta-feira, 3 de julho de 2014

Diário do Alentejo Edição 1680

Editorial
Polícia
Paulo Barriga

Beja tem desde há um mês a
esta parte um novo comandante
distrital da Polícia de
Segurança Pública. Chama-se Paulo
Quinteiro e vem da Escola Prática
de Polícia, onde foi diretor-adjunto
desde 2008. Quinteiro vai chefiar
um comando cujos limites são as geografias
urbanas das cidades de Beja
e de Moura. As demais sedes de concelho
do distrito, assim como todo
o território rural, pertencem ao patrulhamento
da Guarda Nacional
Republicana. Em termos de criminalidade
geral participada às polícias, o
Baixo Alentejo tem um dos mais baixos
índices nacionais. E no que respeita
à criminalidade grave e violenta
é mesmo a região mais pacífica
de Portugal. Apesar de as estatísticas
não serem nada desconfortáveis,
Paulo Quinteiro refere que o seu objetivo
primeiro é fazer diminuir ainda
mais o número de ocorrências, nomeadamente
através de uma “maior ação
preventiva”. Mais polícias na rua, portanto.
A ideia primordial do novo comandante
é boa. Louvável, até. Quem
de bem não concordará com ele? Até
os sindicatos do setor assinam por
baixo, embora, ao contrário de Paulo
Quinteiro, considerem que os meios
humanos ao dispor do comando não
são suficientes. Aliás, com índices de
criminalidade tão baixos, onde algum
temor público advém, na grande
maioria das vezes, da guetização perfeitamente
mal engendrada e socialmente
questionável das comunidades
ciganas da capital de distrito, o
grande problema da Polícia de Beja
parece ser a própria Polícia de Beja. É
notório, de alguns anos a esta parte, a
melhoria individual e tática dos agentes
de polícia, nomeadamente das esquadras
de intervenção rápida e da
investigação criminal. Mas não deixa
de ser igualmente evidente, para não
dizer gritante, o estado a que chegaram
os meios de apoio a estes operacionais.
Nomeadamente ao nível
das viaturas, equipamentos e instalações.
Chega a ser caricato, para não
dizer penoso, assistir à chegada da
polícia em missão, conduzida em veículos
que qualquer cidadão teria dificuldade
em fazê-los passar na inspeção
automóvel. A esquadra de
atendimento é de uma frieza e desconforto
que congela a vontade de
qualquer um lá voltar. Ainda que pelo
bem. Tanto mais que, há vários anos,
a PSP paga renda de um edifício, a antiga
Escola Primária do Salvador, que
serve para muito pouco. Ou quase
nada. Fala-se, aliás, da passagem para
aquele espaço, por falta de uso, de algumas
pendências do Tribunal de
Beja. O discurso do novo comandante
da PSP é bom e tranquilizador para a
população. É um discurso para fora.
Mas, neste momento, quem mais precisa
de ajuda parece mesmo ser a própria
polícia. A melhor maneira de nos
ajudar a nós, de diminuir ainda mais
a criminalidade, é dando uma mãozinha
à corporação. Internamente. Ela
bem necessita. E nós também dela
bem necessitamos.

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